quarta-feira, outubro 27

20:15

taí,
conseguir deixar
areia nos olhos
matar as fadas
que moram na garganta
retirar o doce o suave
deleite dos dias

foi um cuspe na cara

o leão

avançar um pouco mais
para que não toque no meio
não destrua aquilo de mais
sincero na retina da tinta
para não cair no banquete
prato feito de pára-queda
sobra da dor entre dois dedos

terça-feira, outubro 26

o espelho

ele pensou que podia mais uma vez. respirou fundo e pensou três vezes. ele pensou que podia dar mais um passo um abraço uma vida. apagou as velas e fechou os olhos enquanto o vermelho tingia as paredes de cal. ele pensou que podia. e sorria.

segunda-feira, outubro 25

quadrilha

junte tudo que é teu:
fatos e rastros
rabiscos
e cacos de vida
sublinhados com tinta vermelha
coloque tudo em um saco
com pedras polidas
até que se perca
o fôlego das mãos
entornando uma flor
(rústica ferida)
na ponta da língua

domingo, outubro 24

um pedaço de algodão

mais um café
mais um chuvisco
mais um sorriso
mais um revisto
mais um livro
mais um respiro
mais um domingo
sob o fio solto
de tuas canções
ordinárias

quarta-feira, outubro 6

alarme

um certo jeito de dormir pra ver se o sono assalta tempestades, pra acordar às sete sem pescoço na corda, sem pensamentos na tarja preta raios e trovões, um portrait de fino trato, trutas finas no pequeno almoço, sem vadiagens nas caras da moça
aí lá vem com este Ray-Ban

11 linhas

todo mundo -sempre- sabe
ele disse uma vez
e guardou um quieto
ruminou outros tantos
numa dor sem perfume
agora cantarola
assovios de coeur
dando preço
em tua memória

um peso
e poucos quinhentos