terça-feira, junho 16

Valentino

O desembrulhar quebradiço do celofane deslinda o belo ritual de frágil transparência. A língua se invade no rococó de tuas delícias anciãs. Noveau roman que nada, isso é caso antigo, ânsia de bem-querença cheia de não me toques porque senão eu morro de amor. Entre uma mão e outra um recheio de ar, róseo mal passado onde se quer ficar com os pés fincados. Dar a vida por este sonho
de valsa.

sexta-feira, junho 12

action movie

Um alívio saber que não está sendo seguido, que deixaram de buscar rastros - fuga adorável porque ele detesta o jogo de João e Maria, preferindo jogar pedrinhas no silêncio envidraçado. Tem horas que o sumiço infla os minutos com um prazer adorável e estranho. Ele relaxa, tira a roupa e toma uma ducha sem medo do fantasma de faca em punho. Um nada por

(o telefone toca o celular)

quarta-feira, junho 10

uma teoria

não venha com esta barba rala tapando buracos sem vergonhas
e esse curioso espanto das tuas coloridas meninas na grama
com a boca na botija do esconde-esconde a todo pique
um dia virá em que elas no castanho disfarce do teu rosto
darão um tropeço no picadinho de tua carne
e no preço da borda do desejo estampado
no meio do teu

REW

tanto tempo em pleno desaparecimento
mas agora retorna pra dar as caras e rasas falas

um savoir faire
pra salvar a sua fera

segunda-feira, junho 1

paisagem

como se não tivesse saído daqui
as mesmas vielas e o odor de patchouli
que acarinha o ferimento de dias sem suturas
a ladeira continua na sua dobra à esquerda
olhando de banda e música cheia
seus contos de areia inflados de mar
é água e passado
espocando chicote na
tua baía