quarta-feira, março 30

tape deck

não há visitas do lado de lá, pouco se sabe pouco se importa, as paredes se dissipam para que surjam outras muitas, outras asas sem desejo, celeiros inabitáveis quando o respiro se cala de dor, uma melodia faltosa no porto dos olhos. ok, assinemos as linhas pontilhadas sob a espera de sexta: chope, suor e uma porção de batata aflita

sábado, março 26

38 rotações

algum dia
duas risadas
três goles
um ritmo
ou motivo de acúmulo
um falso cálculo
aritmética deste corpo
que morre
de tanto inspirar

terça-feira, março 22

conselho da noite

mais uma pergunta para o teu caderno de enigmas
menos dúvida sobre o passo em falso das respostas
prontas e impostas.
é o que sobra.

um risco

como se pudesse sugar
todo sangue de menina
e de novo ser esquina
livro asa surdo ar
como se garras cortantes
cantando sedentas feridas
tivessem gosto de tinta
na ponta dos dentes
você não vê
que verto vida
feita lágrima vertida
sobre um ombro
igual ao meu
você não lê
curto raspas
versos pobres
outros tantos
poucos nobres
rima fácil
para no teu o meu
deslizar

quarta-feira, março 9

strange fruit

se correr ao invés de um blues lamentoso, se correr ao invés de esperar, se correr ao invés de anotar o passar dos dias, se correr ao invés de se lançar no ar, se correr ao invés de apontar o desejoso azul do olho do outro, se correr ao invés de gritar, se correr ao invés de chover, se correr ao invés das promessas relembradas cantadas desviadas enlouquecidas, se correr e respirar você

a quarta linha

Desmaia a cortina
baque surdo no ar
escorrendo rastros.

Um resto rouco
arranha e sussurra
teu silêncio asfaltado.

Sangue depois:
agora são cinzas.

domingo, março 6

vigília

só espero
a próxima pergunta
e que seja uma litania
(tua carne
meus ouvidos)
pois espero só

possibilidades distintas

Olhei para as suas cartas
antigas e malfadadas:
ficaram estancadas sobre
o liso da mesa.
Continuam as mesmas
páginas com sabor amarelo
sem beijos de caneta
para sorrir um ontem.
Perco a rota dos dedos
devorando letras arrancadas.
Refaço teu corpo
sob um suspiro grisalho.
E te renasco folha minha
capricho de fantasia
rompante esperado
sob a estreita linha
de um fio de vida.
Relida.