terça-feira, março 27

ao contrário do que ele poderia supor

não me venha me falar
dos riscos nos discos
do secreto de todo o mal
cabeça é dor em máscara branda
ainda que a testa abrace
pinturas brutas de prata
e rusgas de lutas nos olhos
não tenho vapor de sopro
não tenho seu barato fatal
então rasgo esmago confesso
um verso uma nota um dó

quinta-feira, março 15

vermelho branco

depois de tanto tempo calado, ocupado com outras línguas, retoma a frase e continua a palavra, busca o tato das letras, corre em linha solta as delícias do longe e seus perigos, solta na tela as garras felinas de um medo por não conseguir mais, ou por pensar menos, no sabor de plástico sob os nós em pingos fartos, o segredo do segredo na máscara em flor, armadilha dos olhos, uma ressaca de verbos.
depois de tanto.

das cinzas

teu presente meu veneno
uma lua no beijo de boca
fios cobertos de azul
um odor reluz
novamente
de repente
outras palavras

sexta-feira, janeiro 20

olhares e olhos de Bellina La Belle

é céu cinzento, ele sabe
grama branca e navalhas de vento
um pouco de silêncio no corpo
chapéu xadrez peito respira
o erro doce da relva
escondendo sombras e cores
um hiato na ponta do dedo
fiapo de ira
pela dor que não vem