quarta-feira, agosto 31

room 1973

respondeu com teclas erradas e causou tristezas
acendeu cigarros em vez das fumaças do chá de limão
na vitrola velha aquela música de dois que somente um conhecia
pingou no rosto uma gota de chuva brotada do teto
não precisa de muito para morrer uma cena

a moldura real

não aparece porque se importa pouco com o suspiro de teus dias, então prefere ficar em pé no escuro tentando ver a luz que se distancia. enquanto isso, faça carícia de olhos sobre sorrisos que se apagam num clique, vai dizendo adeus para quem ainda não se disse um oi.
tem horas que ele beija um hálito de saudade.

domingo, agosto 21

página 21

talvez atrás do par de óculos e dentes cerrados, quem sabe no franzir silencioso e solar, no clique sobre a linha dos dedos que apontam o branco adiante, naquele mudo canto de esquina logo ali, na próxima parada sob a espera de um sinal de alerta, na soma acumulada em tempos nebulosos, pode ser no descuido da palavra que entrega muito bem alguma coisa boa e não tão fácil assim, pois tem o deleite de um fim que não se quer

desenho

ok, venceu:
existe uma lacuna
em alguma letra
desprendida na tecla
ficou uma vogal
fria aberta ovalada
morte súbita
das entrelinhas.
mas ele sabe:
ainda treme
um desejo

quarta-feira, agosto 17

ela para ele

estenda seu braço
prepare o segredo
na ponta da flecha
fecharei teus olhos
enquanto você sorri
com haste em punho
abandono de pernas
oferenda dos dedos
na curva de minha garganta

neste momento
um raio gozoso
mancha
os nossos dourados

quase findo

esta cidade
aberta
ereta concreta
tem olhos de sangue
com sabor de romã
sol de vielas amarelas
banhadas pelo sol
de cristalinas fontanas
(tua língua engana
paisagens e durezas)

raiz

Há tempos sem colocar o bloco na rua, não sabe mais o que é jorrar confetes sobre cabeças desconhecidas.
Talvez tenha perdido o jeito para deglutir após uma bela mastigada dos dias.
Mas não importa:
voltou bebendo o nobre blues de sangue tupi.